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Especial Outubro Rosa: saiba como prevenir o câncer de mama. Cuide-se!
“Prevenir é um ato de amor e uma das melhores formas de lutar.”
04 Outubro 2019

Olá,

Com certeza você já ouviu falar da campanha Outubro Rosa, que visa à conscientização da população, especialmente das mulheres, em relação ao câncer de mama e aos cuidados preventivos que podem ser tomados para que o diagnóstico aconteça nas fases iniciais da doença.

A campanha teve início na década de 90, mesma época em que o símbolo da prevenção ao câncer de mama, o laço cor-de-rosa, foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA). Desde então, a campanha é promovida anualmente em diversos países.

Segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos novos casos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é positivo. Por isso, é importante se prevenir!

Se, no momento do diagnóstico, o tumor tiver menos de um centímetro (estágio inicial), as chances de cura chegam a 95%, segundo pesquisa realizada pela Femama. Quanto maior o tumor, menor a probabilidade de vencer a doença, por isso a detecção precoce é uma estratégia fundamental.

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Relativamente raro antes dos 35 anos, acima dessa faixa etária, sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam o aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento.

Em 2016, foram diagnosticados 57.960 novos casos da doença no Brasil. Existem vários tipos de câncer de mama, e a maioria dos casos tem bom prognóstico. Em quatro das cinco regiões brasileiras, é o tipo mais comum entre as mulheres, sem considerar os tumores da pele não melanoma. A previsão da distribuição dos casos por região é a seguinte: 1.810 no Norte, 11.190 no Nordeste, 4.230 no Centro-Oeste, 29.760 no Sudeste e 10.970 no Sul.

A pedido da equipe do Gran Cursos Online Blog, o Dr. Carlos Marino, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, respondeu a 15 perguntas sobre o câncer de mama e o autoexame de mama e deu dicas e recomendações para as nossas alunas. Vale lembrar que, apesar de raro, o câncer de mama também ocorre em homens.

1) Qual a importância da realização do autoexame de mama?

Realizar o autoexame das mamas significa fazer a autopalpação e a observação das mamas sempre em busca de sinais que possam sugerir doença. A paciente deve realizar quando se sentir confortável (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do dia a dia). O autoexame permite a descoberta eventual de alterações mamárias. Nem sempre essas alterações configuram uma doença, mas trata-se de medida importante para alertar para a necessidade de buscar orientação de um profissional de saúde para avaliar a necessidade de investigação. É importante  lembrar que o autoexame não é um método de rastreamento e não substitui a mamografia.

2) A partir de quantos anos a mulher deve realizar o autoexame das mamas?

Um dos objetivos do autoexame é que a mulher tenha conhecimento sobre as suas mamas, pois, caso surja alguma alteração ao longo do tempo, ela a perceberá com maior facilidade e procurará orientação mais precoce. A autopalpação e observação das mamas pode ser iniciada a partir dos 25 anos de idade.

3) No caso das mulheres com prótese de silicone, o autoexame é suficiente? 

As usuárias de prótese de silicone podem e devem fazer mamografia, desde que estejam na faixa etária recomendada. O autoexame não serve para rastreamento e não substitui a mamografia.

4) Quando a mulher deve procurar o mastologista?

O mastologista é o profissional especialista em saúde mamária, responsável pela prevenção, investigação, tratamento e reparação das mais diversas anormalidades que acometem as mamas (benignas e malignas). A mulher deve procurar atendimento quando apresentar queixas clínicas relacionadas às mamas.

5) A partir de qual idade é aconselhável fazer mamografia?

Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura, podendo alcançar até 95%. Entretanto, no Brasil, a maioria dos casos são descobertos em estágio avançado. Sendo assim, a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e a FEBRASGO recomendam mamografia anual a partir dos 40 anos de idade.

6) Quais os principais sinais do início do câncer de mama?

A mulher deve procurar ajuda de um mastologista em casos de caroço, vermelhidão, pele endurecida, áreas estufadas (abaulamento), covinhas na pele da mama (retração), feridas que não cicatrizam, coceiras que não melhoram, saída de líquido do bico do peito (sem apertar) de cor vermelha ou transparente como a água ou local endurecido nas mamas.

7) Quais as medidas que podem ser tomadas para a prevenção do câncer de mama?

A origem do câncer de mama é multifatorial e, por isso, não sabemos quem terá a doença durante a vida. Sendo assim, todas as mulheres devem tomar medidas preventivas. Um estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia mostrou que o risco de desenvolver câncer de mama aumenta com o ganho de gordura corporal, especialmente na região abdominal.

Dessa forma, como prevenção, recomenda-se ter alimentação saudável com pouca gordura, não abusar de bebidas alcoólicas e praticar atividades físicas. É importante, também, olhar e apalpar as mamas em frente ao espelho (autoexame) e realizar o exame mamográfico de rastreio.

8) Com que frequência deve ser realizado o autoexame de mama?

O autoexame pode ser feito uma vez por mês, uma semana após a menstruação (as mulheres que não menstruam devem escolher um dia no mês).

9) Quais os fatores de risco para o surgimento do câncer de mama?

As mulheres têm pelo menos 100 vezes mais chance de desenvolver um câncer de mama que os homens, principalmente após os 40 anos. Essa chance aumenta quando, na família da mulher, algum parente próximo já teve câncer de mama (por exemplo: a mãe, o pai, a filha, a irmã). Também mulheres que tiveram o primeiro filho após os 35 anos, bem como aquelas que começaram a menstruar antes dos 12 anos e pararam após os 50 têm um risco maior para desenvolver a doença. Estão mais propensas também as mulheres obesas, as que ingerem bebida alcoólica frequentemente e as que não fazem atividade física.

10) O uso de anticoncepcional está ligado ao aparecimento do câncer de mama?

A pílula anticoncepcional é um método contraceptivo muito eficaz, com taxas de sucesso maiores que 99% se tomada de forma correta. Trata-se de um dos métodos anticoncepcionais mais populares em todo o mundo. Quando começou a ser utilizada, a pílula continha doses altas de estrogênio (50 mcg), o que provocava uma grande quantidade de efeitos colaterais. Atualmente, a quantidade de hormônios nas pílulas é menor (baixa dosagem). Não há, até o momento, evidência científica suficiente para se afirmar que os anticoncepcionais hormonais, nas doses atuais, aumentem o risco de câncer de mama. Recomenda-se evitar o uso prolongado.

11) O câncer de mama tem fatores genéticos atrelados a ele?

O câncer de mama é um tumor maligno formado pela multiplicação desordenada de células. Em alguns casos, essa proliferação celular é favorecida por alterações em genes específicos que fazem com que esse controle de divisão celular fique desregulado, aumentando a chance de tumoresAs mutações são mais frequentes nas famílias com múltiplos casos de câncer e o aconselhamento genético está indicado nessa situação.

12) Qual a relação entre a gravidez/amamentação e o câncer de mama?

Tanto a gravidez quanto a lactação são consideradas fatores de proteção contra a ocorrência do câncer de mama. Durante o processo de amamentação, a glândula mamária atinge seu desenvolvimento máximo como órgão e, assim, adquire maior proteção contra agentes carcinógenos (que podem induzir tumores).

13) No caso de uma mulher com muitos fatores de riscos, ela deve realizar o autoexame com mais frequência? Qual seria o protocolo recomendado nesse caso?

A recomendação da frequência do autoexame é a mesma. Entretanto, nos casos de muitos fatores de risco, faz-se necessária a avaliação do grau desse risco, pois, se o risco (calculado pelo médico em modelos matemáticos) for alto, as recomendações para o início do rastreamento mamográfico serão diferentes. Além disso, pode ser necessário acrescentar outros exames de imagem, como a ressonância, nesse rastreamento.

14) Como profissional que acompanha casos da doença, qual mensagem poderia deixar para as mulheres que descobriram o câncer recentemente?

Que tenham força e coragem para fazer o seu tratamento. Que conversem com seus médicos e busquem informações de fontes confiáveis, evitando assim alguns mitos existentes que só angustiam e atrasam o início do tratamento.

Sempre que possível, busquem o apoio da família, dos amigos e dos grupos de mulheres que já passaram por este processo.

Os tratamentos disponíveis hoje são mais amplos e mais efetivos do que aqueles de que dispúnhamos no passado. Do ponto de vista cirúrgico, as técnicas e indicações se modernizaram. O tratamento cirúrgico de primeira linha é o tratamento conservador e hoje toda paciente tem o direito, nos casos em que se faz necessária a retirada da mama (mastectomia), não havendo contraindicação clínica, de ter sua mama reconstruída na mesma cirurgia em que se trata o tumor.

15) Como realizar o autoexame corretamente?

O autoexame consiste em palpar toda a área da mama durante o banho ou em frente ao espelho e, também, em observar alterações como feridas, pele grossa e retrações na pele.

Confira abaixo uma ilustração com as orientações para a realização desse processo de forma simples, fácil e rápida:



Sobre o INCA

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) é o órgão do Ministério da Saúde responsável por apoiar as ações nacionais para a prevenção e o controle do câncer no Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, ensino, assistência, prevenção e vigilância do câncer e gestão da rede de atenção oncológica.

Para a campanha de prevenção de 2017, o INCA publicou uma série de recomendações elaboradas em conjunto com profissionais de diversas áreas. O objetivo é traduzir as principais evidências científicas para o controle do câncer de mama em linguagem simples e objetiva. 

IMPORTANTE! Esta publicação tem cunho explicativo e visa a conscientização dos leitores de nosso blog, mas não substituí a consulta com os profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento e diagnóstico do câncer de mama.